Autor(es): Leonor Figueiredo
Um contributo para o entendimento das lutas políticas que caracterizaram o pós-25 de Abril de 1974, em Angola, Com mais de 30 testemunhos dramáticos de tortura recolhidos em Angola e Portugal.
Com um prefácio de Jean-Michel Mabeko-Tali professor universitário de História de África nos Estados-Unidos
No final de 1974, dois MPLA encontraram-se pela primeira vez em Luanda. Um, era o movimento oficial, com os seus dirigentes e os guerrilheiros vindos da mata e de Brazzaville. O outro, era um MPLA informal, heterogéneo, composto por jovens que o imaginaram ouvindo, na rádio, as emissões clandestinas do «Angola Combatente». Após a Revolução dos Cravos esses jovens tornam-se politicamente muito activos, desenvolvendo acções, em nome do MPLA, nas escolas e nos musseques.
Foi o choque de duas gerações e de duas ideologias, a pró-soviética da cúpula do MPLA e a maoísta dos jovens idealistas. As primeiras prisões políticas ocorreram ainda antes da independência de Angola. Estima-se que mais de cem militantes desta extrema–esquerda, dos CAC, da OCA e do NJS, foram presos e torturados, até 1980. Só depois de várias e prolongadas greves de fome é que os libertaram. Eram homens e mulheres, angolanos e portugueses. Deixam-nos aqui o seu testemunho.