Autor(es): Arthur Rimbaud
Quando, em Setembro de 1871, Arthur Rimbaud bateu à porta de Paul Verlaine, não imaginava a vertigem de poesia, boémia e absinto em que mergulhariam juntos.
Este «livro negro», como Rimbaud o designou numa carta para Ernest Delahaye, é agora publicado em versão bilingue, com uma nova tradução para português.
Quando, em Setembro de 1871, Arthur Rimbaud bateu à porta de Paul Verlaine, não imaginava a vertigem de poesia, boémia e absinto em que mergulhariam juntos.
Uma coisa é certa: com o absinto e com Verlaine, a poesia de Rimbaud mudou. Há um Rimbaud pré‑Verlaine, até «Le Bateau ivre», e há o Rimbaud de que este livro é exemplo, introspectivo e existencial, subversivo na forma e na sua quase sempre esplêndida opacidade. Podemos fugir com Rimbaud, que se foi esconder no deserto africano, mas, ao lermos Uma Temporada no Inferno, a miragem da explicação autobiográfica torna-se obsidiante: como escapar à tentação de ver na «Virgem louca» a silhueta de Verlaine? Como escapar a ver nos demónios, satanás, infernos de cada verso, o turbilhão de alucinações que assombrou e aterrou o ainda tão novo Rimbaud, a sua tendresse de apenas 18 anos? Como não ver que, nos versos deste Inferno, se transfiguram as nuvens de loucura, de convulsão que, de Maio de 1872 a Julho de 1873, geraram uma tempestade extrema no íntimo da criança perdida em Londres?
Este «livro negro», como Rimbaud o designou numa carta para Ernest Delahaye, é agora publicado em versão bilingue, com uma nova tradução para português.
Tradução e texto final · João Moita
Texto de apresentação · Manuel S. Fonseca