A invasão angolana

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Não se consegue fugir ao passado. Sobretudo quando, como é o meu caso, não se quer mesmo nada fugir ao passado. O passado do editor da Guerra e Paz, que eu sou, está amarrado a Angola. Amarrado com corda de sisal, o mesmo sisal que ele via os carregadores, no Porto de Luanda, empilhar em fardos.

E esse passado volta agora à minha vida na forma de livros. São já 18 títulos nos últimos três anos.

Lembrei-me de os contar agora que me preparo para publicar do meu autor Jonuel Gonçalves, E SE ANGOLA TIVESSE PROCLAMADO A INDEPENDÊNCIA EM 1959? O livro de Jonuel Gonçalves é singular e particularmente estimulante. Lêmo-lo e temos na boca um “e se?”, da primeira á última página. Aos “e se?” de Jonuel podemos juntar todos os nossos “e se?” porque todos os “e se?” são legítimos. O diabo é, depois, sustentá-los. Peço-vos que leiam, de começo ao fim, num fósforo, o livro do Jonuel e me digam depois como se aguentou o meu autor com os diabos que lhe saíram ao caminho. A capa fica ali em cima ao lado do Angola, Me Diz Ainda, primeiro livro de poemas de José Luis Mendonça a ser publicado em Portugal.

Este admirável livro do Jonuel tem, dizia eu acima, vasta companhia. Comecemos pelos pares dele, os livros de não ficção. Olhem bem para esta fotografia. Reconhecem, do mesmo Jonuel, Franco-Atiradores, também a Breve História da Angola Moderna, de David Birmingham, o Angola Amordaçada, do bravo Domingos da Cruz, O Beijo da Madame Ki-Zerbo, de Adriano Mixinge, Poluição do Meio-Ambiente Marinho, de Margarida de Almeida, até o meu Pequeno Dicionário Caluanda, e o dolorido Fim da Extrema-Esquerda em Angola, de Leonor Figueiredo.

E há a ficção. De Manuel Rui, o exaltante Quem Me Dera Ser Onda, e o Kaputo Camionista e Eusébio, de Adriano Mixinge, o contundente O Ocaso dos Pirilampos, de Tempestade Celestino, A Virgem, e do meu prolífico Jonuel Gonçalves, A Ilha de Martim Vaz.

Ah, mas quero ainda chamar a atenção para as minhas co-edições com o meu amigo Jorge António. Aos três volumes sobre a histórica do cinema angolano, com o belo e provocador título Angola, o Nascimento de uma Nação, junta-se, de Ana Clara Guerra Marques, um livro tão lindo, tão lindo, como é o Máscaras Cokwe.

E se a Guerra e Paz fosse uma ponte (aérea?) entre os leitores portugueses e angolanos, entre escritores angolanos e portugueses?

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