A Ponte 25 de Abril

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A Ponte 25 de Abril está na ordem do dia. Pelas más razões: precisa de obras urgentes. Este livro, A PONTE INEVITÀVEL, de Luís F. Rodrigues, nasceu por boas razões: conta toda a história da concepção e criação da ponte sobre o rio Tejo, que começou por se chamar Salazar e que, hoje, todos conhecemos por Ponte 25 de Abril. 

Todos os segredos, todos os conflitos, as intrigas de bastidores, os projectos dos diferentes concorrentes, da Sociedade Atlântico-Portuguesa de Empreendimentos ao consórcio multinacional da Societé des Forges, Krupp e outros, ao vencedor do projecto, a United States Steel Export Company, tudo é contado com graça e com rigor pelo urbanista Luis F. Rodrigues, nosso autor. Se lerem o livro ficarão a saber que não foi Salazar que esteve na génese da ponte, que se viria a tornar um ícone da cidade de Lisboa e até um ícone de Portugal. 

Saboreiem este pedaço inicial do livro e percebem que vale bem a pena lê-lo. E ver o extratexto com as fotos da inauguração.

“Ainda hoje, quando vulgarmente se afirma que a Ponte 25 de Abril é uma «cópia», «irmã gémea» ou um «clone» da Ponte Golden Gate, o que se está de facto a afirmar é que a ponte portuguesa não é original – depreciando- se assim o seu valor. Dada a falsidade da suposição, urge eliminar mitos e colocar a Ponte 25 de Abril no pedestal do mérito e valor em que deveria estar colocada desde o dia em que foi construída. Está na hora da «nossa» ponte deixar de ser vista como uma cópia, um sucedâneo, um clone, ou um mero cenário, para assumir uma identidade clara e afirmar-se como verdadeira protagonista de uma peça em que tem necessariamente de assumir o papel principal.

Esse papel é-lhe conferido, não só pelos 50 anos de história que decorreram desde a sua inauguração até aos dias de hoje, mas principalmente pelos 90 anos que decorreram a partir do momento em que alguém avançou com a ideia de uma ponte entre Lisboa e a Margem Sul, até ao momento em que essa ideia se começou a transformar em realidade. Assim, são 140 os anos que nos distanciam do momento em que o engenheiro Miguel Pais propôs, em 1876, uma rudimentar ponte de ferro entre Lisboa e Montijo, até ao momento em que, metamorfoseada, essa ideia se materializou na sua forma actual.

Que erradamente alguns coloquem a sua génese em António de Oliveira Salazar, e outros, igualmente errados, pensem que essa obra deve ser menorizada porque foi construída durante o Estado Novo, esse é outro dos equívocos que se tentará esclarecer neste livro. Entalada entre o amor e o ódio que as respectivas posições ideológicas a colocam, a ponte é muito mais do que uma iniciativa gerada por Salazar ou um projecto político subordinado aos ditames do Estado Novo. A ponte, aliás, tem um historial abrangente, que ultrapassa não só Salazar e o Estado, como também Portugal.

Desde logo, a ideia de uma ponte sobre o Tejo foi de início um projecto de cariz essencialmente ferroviário e regional no século xix – período de maturidade da Revolução Industrial na Europa. Essa concepção foi evoluindo
ao longo de décadas para assumir um contorno essencialmente metropolitano e rodoviário em meados do século xx – culminando no final do século num projecto com valência mista: ferroviária e rodoviária. Do mesmo modo, também a possível localização se modificou: dos primeiros projectos previstos para o eixo Lisboa-Montijo, sedimentou-se gradualmente a preferência para o eixo Lisboa-Almada.

Semelhante processo de transformação ocorreu também ao nível dos principais actores e dinamizadores deste projecto: se numa primeira fase, as principais influências a nível económico e técnico eram essencialmente
europeias (nomeadamente francesas), numa segunda fase, após a II Guerra Mundial, eram americanas, dado que a hegemonia na engenharia estrutural passa a ser dos EUA, que, nos anos 50-60, dominavam não só o mercado
mundial do aço, mas a própria construção de pontes suspensas. Das cinco estruturas suspensas com os maiores vãos do mundo aquando da inauguração da ponte portuguesa, os Estados Unidos da América eram detentores
de todas as quatro travessias que se superiorizavam à ponte sobre o Tejo: Golden Gate, Mackinac, Verrazano-Narrows e George Washington.

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