Um dos maiores génios musicais de sempre, e o único compositor surdo da História, Beethoven previu o futuro e assombrou o mundo com o seu talento, mas foi também um «homem forte e puro» envolto num sofrimento profundo. Quem o diz é Romain Rolland, escritor biógrafo e músico francês laureado com o Prémio Nobel da Literatura de 1915, no livro A Vida de Beethoven, que publicou pela primeira vez em 1903, e no qual presta homenagem ao compositor alemão. Uma belíssima descrição da vida e obra de Beethoven escrita com uma visão crítica dos factos que enfatiza a empatia e a resistência do biografado, A Vida de Beethoven chega agora a Portugal numa nova tradução de Isabel Ferreira da Silva, incluída na colecção «Biografias Guerra e Paz», que estará disponível a partir do próximo dia 11 de Julho na rede livreira nacional e no site da editora.
No livro-homenagem A Vida de Beethoven, Romain Rolland, escritor e biógrafo francês, reconstitui os passos de um dos maiores músicos de todos os tempos a partir de fontes primárias e testemunhos dos amigos do grande compositor, desde a infância na cidade de Bonn, marcada pela educação severa imposta pelo pai, que nele projectou uma carreira musical brilhante que ele não havia conseguido atingir, até à sua dolorosa morte, em 1827, «durante um temporal – uma tempestade de neve –, num ribombar de trovão».
Pelo meio estão episódios riquíssimos, descritos por Rolland como se de um romance se tratasse. O ouvido absoluto, que nem mesmo a surdez lhe roubou em definitivo, a morte da mãe, o alcoolismo do pai, a oportunidade que Joseph Haydn lhe deu de estudar em Viena, o processo de ensurdecimento, a composição das míticas nove sinfonias, o desgosto amoroso que Therese Brunswick lhe provocou, a degradação da sua saúde, mas também «do seu aspecto e dos seus modos», e, claro, o momento em que, a 7 de Maio de 1824, em Viena, surpreendendo tudo e todos, conseguiu dirigir a primeira audição da Missa em Ré e da Nona Sinfonia completamente surdo. «Quando Beethoven surgiu, foi recebido com cinco salvas de palmas; o costume, neste país da etiqueta, era dar três salvas quando entrava a família imperial. A polícia teve de pôr termo às manifestações.»
Tudo isto foi Beethoven, mas houve mais. Houve, segundo o biógrafo, «um infeliz, pobre, inválido, solitário, a personificação da dor, a quem o mundo recusa a alegria», mas que, no sopro do seu heroísmo, «cria ele próprio a Alegria para a dar ao mundo.» E é essa «frente da legião heróica» que lhe é cedida neste A Vida de Beethoven, uma obra que, na opinião do filósofo e ensaísta franco-alemão Jean Lacoste, se diferencia por não se focar «apenas na história musical», mas sobretudo «na dimensão humana, nesta lição de “resiliência” – para usar um termo recente – que Rolland encontra na figura fraternal de Beethoven».
Uma edição Guerra e Paz que reforça a colecção «Biografias Guerra e Paz», inaugurada pelas biografias de Nietzsche, Marquês de Pombal, Chopin e Tolstói, A Vida de Beethoven inclui, além do texto de Romain Rolland, uma selecção da correspondência de Beethoven e algumas das suas citações e pensamentos mais famosos.
Romain Rolland
Não-Ficção / Biografia
104 páginas · 15×23 · 14 €
Nas livrarias a 11 de Julho