Da Mesopotâmia à crise migratória

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Berço da ascensão e queda de grandes impérios, espaço de trocas e conflitos, palco de conquistas, reconquistas e expedições de expansão religiosa, o Mediterrâneo tem vindo a desempenhar, desde a Antiguidade, simultaneamente o papel de ponte e de fosso entre territórios, países e culturas que o delimitam. Mas o que sabemos realmente sobre este ponto nevrálgico de contacto entre os continentes europeu, africano e asiático? Qual o futuro deste espaço continuamente fragmentado entre a divisão e a circulação, o confronto e a cooperação? Como poderá a História ajudar-nos a gerir os grandes desafios contemporâneos deste belo mas frágil mosaico? Conheça a história do maior mar interior do mundo no Atlas Histórico do Mediterrâneo, uma obra brilhante, que resulta do rigoroso trabalho do historiador francês Florian Louis, em colaboração com o cartógrafo e geógrafo Fabrice Le Goff, e que reúne mais de 90 mapas e documentos que sublinham as características singulares do Mediterrâneo. O livro chega às livrarias no próximo dia 10 de Janeiro, numa edição Guerra e Paz Editores, traduzida por Luís Filipe Pontes.

Comerciantes, marinheiros, piratas, corsários, pescadores, peregrinos, cruzados, conquistadores, viajantes, turistas, sábios, migrantes e exilados contribuíram, através dos séculos, para a criação da longa e complexa história do Mediterrâneo. Florian Louis procurou resumir esse história de uma forma rigorosa, mas acessível a todos, no Altas Histórico do Mediterrâneo – Da Antiguidade aos Nossos Dias.

Segundo o autor, o «Mediterrâneo deve a diversidade que o caracteriza tanto à sua história como à sua geografia. Mais do que separar continentes, ele separa civilizações que apresentam tantas semelhanças como diferenças». É essa a génese explorada neste atlas, que, enriquecido por várias dezenas de mapas do conceituado cartógrafo e geógrafo Fabrice Le Goff, nos permite compreender as várias escalas e as várias trocas que estruturam os equilíbrios mediterrânicos desde a Antiguidade.

O livro está dividido em cinco períodos principais. No primeiro, é-nos apresentado um mar fértil, que apoiou, de forma significativa, algumas das primeiras unidades civilizacionais da Humanidade, nascidas nas margens dos rios vizinhos, Tigre, Eufrates e Nilo, um mar que viu nascer e crescer os grandes impérios mesopotâmico, grego e romano, um mar que propiciou as condições ideais para a criação da «trilogia mediterrânica» (trigo, oliveira, vinha) e que foi rota da difusão do Cristianismo.

Nos períodos seguintes, Florian Louis fala-nos de um mar dividido pela irrupção islâmica e implantação de califados, que viria a ser derrubada pelas Cruzadas e pela implantação latina do Oriente. De um mar agitado pelo fim do Al-Andalus, pelas conquistas bizantinas e pelo estabelecimento do Império Otomano. Seguir-se-ia, no rescaldo do crepúsculo otomano, um mar dominado por uma Europa hegemónica.

Por fim, o autor analisa um mar turbulento que carece de reinvenção. Neste quinto período, Florian fala-nos do processo de descolonização caótica das potências europeias no pós-Segunda Guerra Mundial, da influência do Mediterrâneo no contexto da Guerra Fria e dos desafios contemporâneos que esta região do globo enfrenta. Diz o historiador: «Guerras civis, perseguições e migrações fazem do Mediterrâneo um espaço profundamente doloroso desde a década de 1990. Tudo isto num tempo em que a intensificação da sua exploração económica, nomeadamente pelas indústrias e pelo turismo, ameaça a sua integridade ambiental.»

Um trabalho rigoroso e didáctico, que nos leva a reflectir sobre um frágil mosaico que, uma vez mais, enfrenta o desafio de permanecer um elo entre as suas margens, o Atlas Histórico do Mediterrâneo chega às livrarias de todo o país no próximo dia 10 de Janeiro, numa tradução de Luís Filipe Pontes. O livro poderá ainda ser encomendado através do site oficial da editora. Este é o nono livro de uma colecção aclamada pelos leitores, pela crítica e pelo Plano Nacional de Leitura, a qual foi iniciada pela Guerra e Paz com a publicação do Atlas Histórico de África, a que se seguiram o Atlas do Império Romano, o Atlas Histórico do Médio Oriente, o Atlas Histórico dos Estados Unidos da América, o Atlas do Holocausto, o Atlas do Antigo Egipto, o Atlas da Guerra Fria e o Atlas Mundial da Água. Para breve, a Guerra e Paz prevê a edição do Atlas da Primeira Guerra Mundial, do Atlas Histórico da Escrita e do Atlas das Fronteiras.

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