Dos pecados mortais de Spínola às armas em boas mãos de Otelo

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Tenho vindo a arrancar preciosidades do fundo de catálogo da Guerra e Paz. Capitão de Abril, Capitão de Novembro, um livro da autoria do Coronel Rodrigo Sousa e Castro, é uma pérola esquecida. Sousa e Castro, era então major, foi um dos protagonistas da nossa já difusa revolução dos Cravos. Com uma lucidez sem concessões, Sousa e Castro analisa os antecedentes dos golpes que fizeram cair Caetano e os penduricalhos do salazarismo, e narra, de forma intensa e muitíssimo bem informada, os bastidores da revolução. Desse dia em que nos abrimos à democracia, mas também os bastidores dos dias, do 25 de Abril de 74 a 25 de Novembro de 1975, em que as portas da democracia pareciam voltar a fecharem-se. Este é uma livro de análise, mas é sobretudo um livro de factos. Das 424 páginas do livro, quase 100 são de documentos ou imagens. Aqui lemos relatos de algumas insanidades pretensamente revolucionárias, aqui se expõem os pecados mortais de Spínola, as acções ingénuas de um Otelo cuja personalidade deveria constituir um “caso de estudo”. Como aqui se conta como, à revelia do próprio, o coronel Eanes foi promovido a general. É a nossa História a quente. Sem medos.

Este é, pela sua serena inteligência e pela sua abundante documentação, um dos grandes livros sérios sobre o período mais conturbado da segunda metade do século XX português. Agora, comemorando os 44 anos do fim da Ditadura, o livro está aqui a preço quase simbólico. 

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