Centenário de Eduardo Lourenço

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Figura sem paralelo entre os intelectuais portugueses dos séculos xx e xxi, pensador de lucidez e vivacidade ímpares, mestre do ensaio livre, para lá das heranças, e «marginal consagrado», nas palavras de Mário Cláudio, Eduardo Lourenço faria esta semana cem anos. E é esse centenário que se celebra na edição comemorativa de Eduardo Lourenço: A História é a Suprema Ficção, obra que resulta da transcrição da longa entrevista biográfica concedida a José Jorge Letria em 2014, em que além do seu admirável percurso de vida, faz um retrato extremamente actual de Portugal e do mundo ontem e hoje. Esta novíssima edição em capa dura, com a chancela da Guerra e Paz e o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, inclui um prefácio actualizado de José Jorge Letria, um texto elogioso de Mário Soares, fotografias de Eduardo Lourenço, um fac-símile da primeira e última página do manuscrito Heterodoxia e ainda frases tributo de grandes autores, de José Cardoso Pires a Onésimo Teotónio de Almeida, de David Mourão-Ferreira a António Ramos Rosa. Eduardo Lourenço: A História É a Suprema Ficção estará disponível, quer na rede livreira nacional quer no site da editora, a partir do próximo dia 30 de Maio.

 

«E assim se exalta a obra e se celebra o homem […] Um homem que traz consigo a densa sabedoria da terra e que, por isso, foi talhado para falar com as estrelas como se desafiasse um país soturno e cabisbaixo a tornar-se grande somente naquilo em que crê». É desta forma que José Jorge Letria homenageia, uma vez mais, o extraordinário legado de Eduardo Lourenço no prefácio que inaugura esta nova edição de Eduardo Lourenço: A História É a Suprema Ficção, livro resultante da entrevista-memória que teve a oportunidade de lhe fazer, há 9 anos,

 

Na obra, agora recuperada pela ocasião do centenário do seu nascimento, o maior e mais livre pensador de Portugal e da cultura portuguesa, fala-nos da sua paixão por Portugal, esse país «ressonhado, reinventado, quase totalmente onírico, o país que Padre António Vieira imaginou, mas em miniatura; um Portugal que é o império universal de Cristo e, depois, da Mensagem, o qual, embora seja outra coisa, é o sonho mais próximo de nós: um país que é uma espécie de Menino Jesus das nações, como diria Agostinho da Silva.» Uma paixão consolidada pelo efeito distanciador da ausência. E é também desse tempo em que viveu longe de Portugal, numa atmosfera intelectual de liberdade, que nos fala o Prémio Camões e Prémio Pessoa.

 

Recorda-se ainda nesta conversa com Letria, a análise – extremamente actual – que Eduardo Lourenço fez do futuro da Europa «existe não uma, mas várias Europas. Cada nação europeia, umas mais, outras menos, é a Europa do seu ponto de vista. Todas são Europa. Mas Europa como sujeito histórico-político, por enquanto, não existe senão como veleidade de ser.» Sublinhando a sua paixão pela História, «a ficção das ficções», e contestando o conceito de História Universal, fala-nos também do rumo do nosso Mundo: «numa altura em que pensávamos, em vários sentidos, que a Humanidade atingira padrões de autoconhecimento, de capacidade para se autogerir, estamos confrontados com questões para as quais não há resposta ainda». Com o jeito original que sempre o caracterizou, confessou que «gostava de cá estar daqui a cinquenta anos para ver como isto vai ser».

 

Na nota final, assinada por Mário Soares em 2014 e que agora é incluída nesta nova edição, o antigo chefe de Estado elogia, a par dos treze grandes autores que prestam tributo a Eduardo Lourenço, este livro, «do nosso maior pensador, com a inteligência e a modéstia que lhe são reconhecidas, em Portugal e no estrangeiro, representa algo que não deve deixar de ser lido e meditado».

 

Uma edição de coleccionador da Guerra e Paz, em capa dura, que inclui fotografias do homenageado e um fac-símile da primeira e última página do manuscrito Heterodoxia, Eduardo Lourenço: A História É a Suprema Ficção chega à rede livreira nacional no próximo dia 30 de Maio. Este é um livro da colecção «O Fio da Memória», que resulta da parceria entre a editora e a Sociedade Portuguesa de Autores.

 

 

 

Eduardo Lourenço: A História É a Suprema Ficção

Diálogo com José Jorge Letria

Não-Ficção / Biografia

Colecção «O Fio da Memória»

144 páginas · 15×20 · 16€

Nas livrarias a 30 de Maio

Guerra e Paz, Editores

 

 

 

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