Guerra e Paz, haja Deus!

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É final e oficial: esta foi a melhor Feira do Livro de sempre da Guerra e Paz editores. Passámos de um para dois stands, ganhámos visibilidade e mais capacidade de exposição dos nossos livros e os leitores responderam. Foram estes os 25 livros mais procurados e mais vendidos:

  1.        Bernard-Henry Lévy, ESTE VÍRUS QUE NOS ENLOUQUECE
  2.        Isaiah Berlin, O OURIÇO E A RAPOSA
  3.        Adolf Hitler, MEIN KAMPF
  4.        François-Xavier Fauvelle, ATLAS HISTÓRICO DE ÁFRICA
  5.        Louise May Alcott, MULHERZINHAS
  6.        André Osório, OBSERVAÇÃO DA GRAVIDADE
  7.        Fernando Venâncio, ASSIM NASCEU UMA LÍNGUA
  8.        Jane Austen, ORGULHO E PRECONCEITO
  9.        Herman Melville, MOBY DICK
  10.    Sun Tzu, A ARTE DA GUERRA
  11.    Vários, CONTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES
  12.    Mao-Tsé Tung, O PEQUENO LIVRO VERMELHO
  13.    Machado de Assis, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
  14.    Marco Neves, GRAMÁTICA PARA TODOS – O PORTUGUÊS NA PONTA DA LÍNGUA
  15.    Louise May Alcott, BOAS ESPOSAS
  16.    Gustave Flaubert, MADAME BOVARY
  17.    Machado de Assis, DOM CASMURRO
  18.    Oscar Wilde, O RETRATO DE DORIAN GRAY
  19.    Machado de Assis, O ALIENISTA
  20.    Inês Leitão, O ÚLTIMO EXORCISTA DE LISBOA
  21.    Stendhal, O VERMELHO E O NEGRO
  22.    João Pedro Marques, ESCRAVATURA
  23.    Marco Neves, PONTUAÇÃO EM PORTUGUÊS
  24.    Nataniel Hawthorne, A LETRA ESCARLATE
  25.    Marco Neves, ALMANAQUE DA LÍNGUA PORTUGUESA

O que mais me agrada, nestes 25 livros, é a qualidade literária ou o valor histórico, linguístico, filosófico que têm e é consensual. Destes 25 títulos, 11 são clássicos da literatura mundial. Dois são da nossa trilogia de livros malditos, o “Mein Kampf” e o livro de Mao Tsé-tung. Não está o “Manifesto Comunista” por ter esgotado: a nova edição sai, agora, em Outubro. Machado de Assis, com três livros é o romancista mais representado. Na não-ficção, o linguista Marco Neves tem também três livros no top, com essa fantástica surpresa da sua “Pontuação em Português”, num fim de semana apenas, ter irrompido top dentro, imparável.

Das nossas mais recentes, para não dizer recentíssimas, apostas, os nossos leitores benzeram generosamente o “Este Vírus” de Bernard-Henri Lévy, “O Ouriço e a Raposa”, de Isaiah Berlin, e o “Atlas Histórico de África”, de François-Xavier Fauvelle.

E permitam-me um satisfeito desabafo melancólico. Alguns amigos disseram-me que agora sim, a Guerra e Paz tem um catálogo atractivo, com colecções de Livros Amarelos, Livros Vermelhos, Clássicos, e apostas em História, Filosofia e Língua Portuguesa marcantes. Agradeço a esses amigos as palavras de estímulo e apoio. A Guerra e Paz passou por anos terríveis. Um distribuidor, na sua insolvência, levou-nos, em 2012, um ano inteiro de facturação. Não recebemos essa receita, golpe brutal para uma pequena empresa, mas pagámos a todos os autores e outros parceiros, todos os montantes que nunca recebemos. E, em 2015, ainda com a ameaça da falência em cima de nós, começámos a construir os Clássicos. Logo a seguir, 2016, a trilogia de livros malditos e os Livros Amarelos. Há dois anos, os Livros Vermelhos, e podia falar das colecções com a Sociedade Portuguesa de Autores, as Correspondências de Jorge de Sena, os livros de luxo, em madeira. Ou mesmo, a nossa colecção mais austera de poesia.

Em plena pandemia, com todos os riscos e ameaças que pairam sobre o mundo do livro e a edição Portugal, com uma economia ainda frágil, recuperámos. Saneámos as nossas finanças, ao mesmo tempo que construímos uma imagem, a imagem Guerra e Paz, com escolhas editorias e gráficas que têm coerência e identidade.

Muitas foram as nossas parcerias, a mais longa, persistente, de grande abertura e franqueza, é que mantemos com a Sociedade Portuguesa de Autores, com o impulso permanente de José Jorge Letria. Há uma tipografia que foi, em particular nos tempos difíceis, mais do que uma tipografia, a “nossa” Publito, de Braga. E quem, há oito anos, nos dá colo é a VASP, que connosco aceitou entrar na distribuição de livros e continua a ser o nosso braço e o nosso ombro: obrigado, Fernando Guedes da Silva.

Perdoem-me o desabafo, mas tinha, para que conste, de contar esta história. É uma história em que tiveram um lugar destacado, esforçado e entusiasta os trabalhadores da editora. O meu designer gráfico, Ilídio Vasco, que entrou para a editora aos 6 anos de idade, se bem me lembro e fez a única capa de madeira que há no mundo. Na parte editorial a incansável e perfeccionista Inês Figueiras (mas também a Ana Salgado, Marília Laranjeira e o André Morgado e, antes, o Helder Guégués). O Américo Araújo, nosso comercial, que vê à lupa livrarias e quiosques e levou esta Feira ao colo. O Mário Borges, que luta, como antes lutara a Vânia Custódio, por nos pôr nas capas dos jornais e de vez em quando num telejornal. A Carla Castela, que entrou menina e menina continua, gerindo contratos, avances e duplas tributações, enquanto lê Novalis ou Hölderlin. Quem sofreu comigo as muitas e tremendas dores financeiras foi o José Cardoso, que já tem um doutoramento anti-insolvência. São eles a Guerra, a minha Paz.

Aos meus sócios, devo uma tonelada de confiança e de amizade. Abílio Nunes, o mais antigo, António Parente, com a sua força de leão, Pedro Henriques, o mais jovem e idealista. A eles, e ao “muito obrigado, meus generosos amigos”, junto o António Palma, leal e inteligentíssimo conselheiro.

É verdade que não devemos nada a autores e a fornecedores, mas o que eu devo, meu Deus, a toda esta boa gente. Cada capa, cada livro, cada colecção, a eles a devo. Guerra e Paz, haja Deus!

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