Irromperam pelas livrarias

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Irromperam pelas livrarias. De palavras em punho ou em riste – entrada de carrinho, como se diz em gíria futebolística. São os novos títulos da Guerra e Paz. Uma grande novidade, para destrunfar, é este Dicionário Enciclopédico das Palavra s Cruzadas. É uma obra única, uma recolha de um especialista, Mário Bernardo de Matos. Em 434 páginas, com milhares de entradas, o autor dá-lhe todas as pistas para ser um campeão nas palavras cruzadas. Pedem-lhe, por exemplo que dê um sinónimo de insípido com três letras? Ah, pois é ité. Mas se for com 6 letras tanto pode ser chilro como vápido. Com 12 letras? Ui, é desconsolado. Que extraordinário livro de cultura geral e de alargamento do léxico.

Bom, mas se a esta expansão do seu saber, prefere expansões sentimentais e emocionais, queremos servi-lo. Temos três livros. O mais popular clássico do romance português, um romance que esteve nas mesinhas de cabeceira quando as mesinhas de cabeceira só tinham luz da vela e que tem de voltar agora às mesinhas de cabeceira hi-tech dos portugueses: é a Rosa do Adro, romance de Manuel M. Rodrigues. Este romance era «a alegria e o enlevo de toda a gente». Deixe-se conquistar pela ternura e pela inocência de outro tempo.

Mas não pense que noutro tempo não houve inclemências. Em Palavras Cínicas, Albino Forjaz Sampaio, com uma fúria e um arrebatamento dos anos 20 do século XX, destrói o amor, a família, a religião. É uma condenação exaltada que Forjaz Sampaio resume melhor do que eu: «Em que acredito eu? No crime e no dinheiro. O crime é Deus, o dinheiro é Deus, e de ambos o dinheiro é o maior.» 

A estes dois grandes êxitos populares do final do século XIX e do começo do século XX, juntamos um clássico do século XVIII. Disse João Gaspar Simões, o mais entusiasta dos críticos literários: «Indiscutível obra-prima da ficção portuguesa.» Estava a falar deste Obras do Diabinho da Mão Furada, que António José da Silva, a que sempre chamaremos O Judeu, escreveu e publicou primeiro no Brasil. Acusado pela Inquisição foi queimado em auto-de-fé em Lisboa, algumas décadas antes de Lisboa sofrer o terrível terramoto. O livro é uma deliciosa novela diabólica.

Muito bem, está a dizer-me que não quer saber de literatura, que tem mil questões práticas a resolver: tem um ralo entupido na cozinha, o orçamento para as compras da casa não lhe chega, o que lhe dava mesmo jeito era fazer uma almofada, que as do Corte Inglès estão a um preço doido, ou que precisa de vender tralha numa venda de garagem, mas não sabe fazer nenhuma destas coisas? Temos um livro para si. Chama-se Já a Minha Avó Sabia e reúne algumas centenas de conselhos inspiradores, práticos, e que lhe farão poupar dinheiro. Ou seja, vai lembrar-se de como se cosia um botão e vai lembrar-se de outras coisas fofinhas que só as nossas avós sabiam.

São estes os cinco novos livros da Guerra e Paz, que se juntam à nova colecção – O Que É Nacional É Muito Bom – que já ontem tínhamos aqui apresentado.

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