Marx e Hitler

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São três livros que rasgaram dramaticamente a história do século XX. Olhando para as tragédias humanas a que esses livros estão associados, alguém lhes chamou “livros malditos”. Em 2016, a Guerra e Paz decidiu publicá-los. Em edições de capa dura, com fotografias, com textos graficamente cuidados, fazendo-os preceder de ensaios críticos que enquadrassem no tempo, e nas circunstâncias desse tempo, cada um desses livros.

Esses livros chamam-se O Manifesto Comunista, da autoria de Karl Marx e Friedrich Engels, Mein Kampf, de Adolf Hitler, O Pequeno Livro Vermelho, de Mao-Tsé Tung. O editor da Guerra e Paz escreveu o enquadramento crítico, em cada um dos casos textos de 70 a 100 páginas – sim, assinei eu mesmo esses textos, que denunciam os milhões de mortos e os campos de concentração que cada um destes livros voluntária ou involuntariamente inspiraram. São textos críticos, e até violentamente críticos do comunismo, do nazismo e do maoísmo.

 Ou seja, pode dizer-se que estes três livros, inspiradores do comunismo, do nazismo e do maoísmo, nestas versões da Guerra e Paz chegam às mãos dos leitores trazendo o veneno e o seu antídoto. A nossa surpresa é a de que todos tiveram muito bom acolhimento do público, com resultados positivos ou mesmo altamente positivos para a editora.

Agora mesmo, neste final de Fevereiro, chegam às livrarias a 5ª edição do Mein Kampf e a 2ª de O Manifesto Comunista. Do livro de Hitler as vendas andam pelos dez mil exemplares, do Manifesto pelos dois mil e quinhentos. Pelo que conseguimos saber das vendas nas livrarias portuguesas as nossas edições são as preferidas dos leitores portugueses. As novas edições têm algumas variações nas soluções gráficas das capas – estão ainda mais bonitas.

Atrevemo-nos a tirar ilações destes resultados. A mais importante é a de que há um real interesse pelo pensamento e pela história política que, do final do século XIX até ao final do século XX, marcou e marca ainda a nossa história política. A segunda é a de que os leitores aceitam que a publicação desses livros seminais integre textos críticos que proporcionem informação relevante, por mais que essa informação denuncie as atrocidades cometidas em nome dessas pretensas utopias, sejam elas a da criação do Homem Novo, sejam as da criação de um rácico Homem Superior. É que não há mesmo machado que corte a raiz ao pensamento.

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