O cais das incertezas

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Em que se baseou para escrever este romance?

Por ter passado dois anos da minha juventude na cidade de Lisboa no início da década de 60 do século passado, a partir de certa altura comecei a sentir uma espécie de nostalgia dos tempos difíceis ali vividos ( e que era ser perseguido continuamente, principalmente de noite, por pedófilos e homossexuais, foi uma das enormes contrariedades!) e uma necessidade de os partilhar com alguém, principalmente com aquelas pessoas que me conheciam e me incentivavam a fazê-lo. Grande parte da história contada no meu primeiro trabalho é passada na difícil Lisboa daqueles tempos.  

Desta vez quis que a história contada no «O Cais das Incertezas» tivesse por cenário a Lisboa que não conheci, mas que sempre me fascinou: a Lisboa dos espiões, dos refugiados judeus, da Abwer (Gestapo) de Von Karsthoff, da PVDE de Agostinho Lourenço, da prostituição, dos bares de alterne do Cais do Sodré e, para fazê-lo, inventei uma história, criei as personagens necessárias e, como num tabuleiro de xadrez, atribui a cada uma delas um papel a desempenhar. O resultado teria de ser uma história interessante, romântica e que fizesse com que o leitor sentisse prazer, curiosidade e ânsia de saber sempre o que ia ler na página seguinte.

Se o leitor sentir o mesmo que eu, quando me releio e não consigo evitar uma lágrima no canto do olho, o meu objectivo foi alcançado.

Depois do seu primeiro livro, esta história volta a ser quase verdadeira?

Esta não é uma história quase verdadeira, mas certamente que naquele tempo e naquelas circunstâncias, alguns refugiados sentiram na pele aquele medo e aquele desespero, que sentiram Berta e a mãe no «O Cais das Incertezas».

Depois de Lisboa, Paris tem um lugar privilegiado no meu coração. É uma cidade onde decidi situar as personagens do trabalho que comecei a escrever. A inspiração parece mais fácil quando se tem por base um cenário romântico como a cidade luz. Paris tem todos os ingredientes para nos facilitar a tarefa. A Belle Époque, a boémia, os cabarets, o Impressionismo, O Moulin Rouge, Saint-Germain- des-Prés, Pigalle, a noite e os indigentes (clochards), etc.

Os regimes ditatoriais do século XX são um tema que lhe interessa particularmente?

Os regimes ditatoriais sempre me interessaram e não apenas os do século XX. Todos eles foram, e ainda são, para mim, vistos com particular interesse e, nem consigo expressar a satisfação que sinto quando deixam de ser. Felizmente que muitos já terminaram, mas ainda restam alguns que vão perdurar por muito tempo. Estou a pensar no regime chinês e em alguns estados islâmicos, sobretudo.

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