O lugar para se ser feliz

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Crónica do editor da Guerra e Paz, Manuel S. Fonseca, publicada na última edição da revista «TV Guia».

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Peço desculpa, só mais dez segundos para eu descer do ramo desta minha mangueira. Upa, mais um passo… pronto, já está!

Volto sempre ao ramo da minha mangueira, lugar onde fui e voltei a ser feliz. É aqui que gosto de subir, de me aninhar e de ficar, entre a terra e o céu, a ler livros.

Na minha vida profissional, trabalhei no cinema, da cinemateca à produção de filmes, e trabalhei na televisão, 13 anos na SIC, de que fui director de programas durante 4 anos. E, no entanto, se alguém caísse na asneira de me pedir conselhos, não espere que eu o mande para o escurinho da sala de cinema, ou lhe peça que se alape, com a mantinha e as pipocas, a ver séries de televisão, mesmo as da HBO ou da Netflix.

O que eu peço logo é que abram os braços à felicidade e não há, nessa nossa ideia de matarmos o tempo, escapando da vida para o sonho, nada melhor e mais exaltante do que a leitura. Os livros são uma espécie de escadaria que nos leva, em vida e no planeta terra, a um certo paraíso. Com vantagens.

Leiam, leiam muito, e ganharão, como um estudo da Science & Medicine provou, a expectativa de uma vida mais longa. Em particular depois dos 65 anos, a leitura de livros traduz-se por um ganho de anos de vida. Talvez ou também porque a leitura de livros gera no leitor uma maior empatia com a vida e com os outros e porque trava o declínio cognitivo.

O livro, esses livros que eu leio na minha mangueira e que os meus leitores podem ler na cama, na banheira, no jardim ou no metro, dão-nos mundo: a leitura faz-nos viajar (mesmo a lugares imaginários, que não existem), e permite-nos experimentar sensações íntimas, que a rapidez do cinema e da televisão, não conseguem gerar.

Ah, vai dizer-me que é ainda novo ou nova, e que tem tempo para isso tudo. Desengane-se, se não ler, o seu vocabulário vai ficar mais pobre, a sua capacidade de expressão mais rasteira, e isso vai limitar o seu potencial, tanto na sua vida emocional como profissional. Um americano médio, essa gente que temos a mania que não sabe nada, lê um livro por mês, 12 por ano. É fantástico comparado com a miséria da leitura em Portugal. Será essa uma das razões do nosso atraso? Ajude-se e ajude o país: leia. Não só viverá melhor, como, garanto-lhe, dormirá com outro enlevo e um pingo de felicidade.

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Manuel S. Fonseca
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