Uma história de amor impossível, O Mulato, de Aluísio Azevedo, expôs os conflitos sociais do século XIX no Brasil pré-abolição da escravatura e ousou afrontar os tabus da sociedade de então. Publicado pela primeira vez em 1881, ano em que o gigante Machado de Assis publicou Memórias Póstumas de Brás Cubas, o romance anti-racista e anticlerical viria a ser considerado, décadas mais tarde, um marco do naturalismo brasileiro por outro vulto da literatura de língua portuguesa – Jorge de Sena –, mas nunca foi publicado em Portugal. É esta lacuna editorial que, mais de um século depois, a Guerra e Paz colmata com uma edição inédita no nosso país, que inclui notas de apoio à leitura, o prefácio da 3.ª edição, assinado por Aluísio Azevedo, e um perfil do autor de ascendência portuguesa. O Mulato chega à rede livreira nacional no próximo dia 29 de Agosto, com o selo da reconhecida colecção de Clássicos da editora.
Nas páginas de O Mulato, grande clássico da literatura brasileira, Aluísio Azevedo, escritor e caricaturista que se inspirou em Rafael Bordalo Pinheiro, denuncia os problemas de um Brasil marcado ainda pelas feridas coloniais, o racismo e a corrupção do clero. Estávamos em 1881, anos antes da abolição da escravatura e do estabelecimento da Primeira República naquele país.
A narrativa é inspirada na vida maranhense da época e relata a história de Raimundo, um jovem mulato – filho de um português que trafica escravos e de uma escrava negra – que, regressado ao Brasil, após concluir os estudos em Portugal – e escapar da violência da madrasta –, descobre a verdade das suas origens e debate-se com os preconceitos e as barreiras de uma sociedade racista e corrupta.
Se é um facto que este e os demais romances de Aluísio Azevedo oferecem palco a classes sociais sem visibilidade, pondo em causa a sociedade do seu tempo, é também verdade que a obra do autor, filho de portugueses, vale igualmente pelo valor estético e literário de que a sua linguagem e recursos de estilo fazem prova: «[…] não a puxei à força de dentro de mim, foi ela [narrativa] que se formou por si mesma, sob o domínio imediato das impressões, e procurou vir à luz em forma de romance.»
Inédito em Portugal, O Mulato é uma edição Guerra e Paz que inclui uma nota introdutória, o prefácio da 3.ª edição, que data de 1889, uma nota sobre Aluísio Azevedo, retirada do Dicionário Bibliográfico Brasileiro, e uma carta de Aluísio Azevedo a Oliveira Lima, sobre Machado de Assis. O livro estará disponível, a partir do próximo dia 29 de Agosto, na rede livreira nacional e no site da editora.
Clássicos Guerra e Paz
O Mulato
Aluísio Azevedo
Ficção / Romance
336 páginas · 15×23 · 17,00 €
Nas livrarias a 29 de Agosto
