Os meus livros de Setembro

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Tenho de fazer uma selfie com Marcelo. É indesculpável ser o único português que ainda não tem uma. Faço, para me treinar, uma com Henrique Cymerman e com os árabes, os israelitas e até o Papa, que deambulam pelo seu autobiográfico e perigoso Conversando com o Inimigo: do Porto a Abu Dhabi via Telavive, o nosso primeiro livro de Setembro. E vou, com João Céu e Silva, fazer selfies a Casablanca: Adeus, Casablanca é um belo romance de amor, com pirataria aérea, panfletos e ecos de Paul Bowles. Ficas bem na selfie, João!

António Botto Quintans faz selfies com todos os nossos velhos reis no seu cómico A Bienal da Tia Matilde: História de Portugal à la Carte II. Mas já Eugénio Lisboa se recusa a fazer a selfie com Putin: Poemas em Tempo de Guerra Suja é um vigoroso manifesto contra a invasão russa e a brutalidade de uma guerra que fere a Ucrânia e a Europa. Poesia de combate.

Bruno Vieira Amaral, sim. Em 50 selfies criou o Guia para 50 Personagens da Ficção Portuguesa, um livro que rouba criadas estranguláveis e bons malandros, mulheres-anjo e mulheres-demónio aos autores que os inventaram. E a selfie que todos queremos fazer é com Manuel. É o filho do autor, João Gomes da Silva, que nos conta, em pouco mais de cem páginas, a história verídica do nascimento deste miúdo com trissomia 21: uma selfie com a vida.

As Minhas Causas é, pode dizer-se, a recolha de todas as selfies de Vitor Ramalho em favor da paz, em Moçambique ou Angola, testemunho de acções humanitárias, ponte entre a Europa e África. Faz pendant com outro belo livro, o Atlas Mundial da Água: Defender e Proteger o Nosso Bem Comumselfie com os rios, lagos e oceanos desta nossa casa-mãe. Desta água é que todos deveríamos beber.

Bom, e fui fazer selfies com as criancinhas. Já se sabe o que acontece a quem dá corda a miúdos, saí de lá com esta cheirosa selfie: O Grande Livro dos Puns! É um guia ilustrado da Ciência, da História e da Arte de dar puns: só peidinhos e factos. Outro facto: cuidado com uma certa rapaziada, é o aviso de Rui Teixeira da Mota no seu O Elogio da Sabujice, uma visita a uma raça, o sabujo, a quem também se chama capacho, lambe‑botas ou lambe‑cus, graxista ou mesmo chupa‑pilas. Uma sátira, está claro.

Duas selfies com empresas e empreendedorismo. Luís Parreirão, em Empresas Familiares, Famílias Empresárias, Onde Está o Substantivo? faz uma bela e substantiva selfie bilingue e ilustrada às empresas familiares. Já José Eduardo Franco e Paulo Pereira da Silva fazem ousadas e irreverentes selfies com Jesus Cristo, no seu Cristo Empreendedor, combinando as parábolas e alegorias dos Evangelhos com a prática empresarial.

Quem fez uma selfie com o imperador chinês Kangxi foi um jesuíta português, vivendo com ele 50 anos na Cidade Proibida. É esse o objecto fascinante da selfie de Tereza Sena em Tomás Pereira e o Imperador Kangxi: Um Diálogo entre a China e o Ocidente. Grande selfie.

E foi na II Grande Guerra que a antropóloga americana Ruth Benedict fez uma prodigiosa selfie com um povo e uma nação, o Japão. Venham ver, está em O Crisântemo e a Espada: Padrões da Cultura Japonesa. É um ensaio cheio de beleza e mistério, que era uma ofensa não estar ainda em língua portuguesa. É a selfie que inaugura uma nova colecção da Guerra e Paz, Os Livros Não se Rendem (título tão feliz que a minha filha me deu – hei-de fazer uma selfie com ela!). Parceria com a Fundação Manuel António da Mota, prometo aos Livros Não se Rendem uma selfie especial depois da Feira do Livro.

Menti, claro, quando disse que nunca tinha feito uma selfie com o nosso amável presidente Marcelo. Já fiz duas ou três. Mas menti logo a abrir, para dizer depois a verdade e só a verdade sobre as 14 selfies de que aqui vos falei. Em 14 selfies, o retrato de Setembro da Guerra e Paz editores.
 

Manuel S. Fonseca, editor

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