Queremos bons livros. O seu?

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Também a Guerra e Paz passou pela quarentena. Uma das consequências foi não termos aceitado receber, durante Março e Abril, até hoje, dia 7 de Maio, os originais que autores ou candidatos a autores nos submeteram. Reabrimos hoje a recepção de originais. Os autores ou candidatos a autores podem enviar os seus potenciais livros para o email originais@guerraepaz.pt juntamente com uma sinopse e um mini-texto biográfico. 

Um conselho que damos a todos os candidatos é o de lerem, primeiro, este texto sobre a nossa política de recepção de originais. É um texto pessimista, até um pouco desencorajador. Mas é um texto realista. Há, no mundo do livro, dois planetas distintos. Um é o da literatura. No romance, narrativa ou na poesia, um candidato a autor deve ser altamente exigente. Temos, na literatura mundial e na literatura em língua portuguesa, uma tradição que é preciso conhecer e depois pensar: conseguirei ombrear minimamente com essa tradição? 

Desconfie da ideia de que tem jeito para a escrita. Desconfie dos amigos que acham muito giro tudo o que escreve, uns versinhos sobre a amizade, o sol e a lua. A escrita, em particular o romance a a poesia, exige novidade, surpresa, arrebatamento, emoção. Exige um invulgar domínio da língua portuguesa para não recorrer às frases mil vezes batidas, à fácil metáfora de um “fio de luz” ou do “homem lobo do homem”. O romance e a poesia são criação e só as grandes vivências, muitíssima leitura dos grandes livros e abundante transpiração de anos e anos de escrita autorizam a ideia de publicar. 

Outro planeta, completamente diferente, é o da não-ficção. Nesta área, a Guerra e Paz está mais aberta a novos autores. Queremos publicar livros de actualidade, livros de sociedade, livros práticos, livros sobre temas históricos, sociológicos, económicos, ou até desportivos, que tragam informação e que sejam assinados por autores que têm conhecimento e experiência dos temas que abordam. Queremos livros que informem, que discutam as ideias feitas, seja sobre política, seja sobre a justiça, a violência, a guerra, as drogas, os conflitos étnicos ou de género. E sim, temos uma inclinação muito especial para livros que não sejam politicamente correctos. 

Privilegiamos, é claro, livros que tragam apoios, livros que com facilidade permitam parcerias com entidades, sobretudo privadas, mas também públicas, parcerias que passem por compras prévias, por acordos que ampliem a divulgação na Imprensa ou nas redes sociais. Há quem se indigne com esta ideia de buscarmos condições financeiras prévias à publicação. É um preconceito que até a História da literatura do século XX desmente. O primeiro livro do poeta Philip Larkin, poeta genial e controverso, nasceu assim. E quem tenha lido as maravilhosas cartas que trocaram Jorge de Sena e o capitão João Sarmento Pimentel leu e leu bem que ambos pagaram, do seu bolso quando os editores (e eram prestigiados editores) não conseguiram viabilizar as edições.

Há, por fim, a regra fundamental: não queira saber de conselhos, nem os dos amigos, nem os da pessoa amada, e ainda menos destes que por aqui derramei. Acredite em si, obsessiva, teimosamente, e mande-nos o seu original. Já!

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