Muita guerra, toda a paz

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As minhas apostas de 2023:
tenho tanta sorte!

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Ainda nem acredito que eu possa ter tanta sorte. Vejam bem, Jorge de Sena passa a morar na Guerra e Paz editores. Vou ter toda a ficção do autor de Sinais de Fogo e a primeira opção para a não-ficção, os retumbantes ensaios de Sena.

Começo, em Março, com Andanças do Demónio e O Físico Prodigioso. Ainda em Março, os leitores da Guerra e Paz vão poder ler o ensaio Amor, uma preciosidade enciclopédia. Em Abril, a Guerra e Paz publica uma nova edição de O Príncipe, de Maquiavel, acompanhada pelo ensaio, Maquiavel, que Sena dedicou a esse singular filósofo e diplomata. As Novas Andanças do Demónio chegam em Abril, e em Junho, Literatura Portuguesa, fulgurante viagem pela nossa literatura, das origens a meados dos anos 70, apresentação que Sena escreveu para a Enciclopédia Britânica, e que todos devíamos ler . E nem vos falo do que chegará no segundo semestre de 2023: são sinais e são de fogo.

Ah, a minha sorte não pára! Em 2023, terei oito novos títulos na colecção Os Livros Não se Rendem. De Isaiah Berlin, autor do inspirado O Ouriço e a Raposa, duas novas preciosidades: Esperança e Medo: Dois Conceitos de Liberdade e História das Ideias, A Busca do Ideal. E que alegria poder publicar um livro que saiu das nossas livrarias há quase um quarto de século: do filósofo Allan Bloom, o livro que adivinhou o que aí vinha com o comunitarismo identitário, A Destruição do Espírito Americano, The Closing of the American Mind. Em Abril, do mais anti-autoritário filósofo e historiador das ciências, Thomas S. Khun, um livro póstumo, A Pluralidade dos Mundos, Para uma Teoria Evolucionista do Desenvolvimento Científico, que a University of Chicago Press acaba de lançar, e de que a Guerra e Paz foi a primeira editora no mundo a adquirir direitos de tradução.

Meu Deus, e vou ter Atlas, novos Atlas: o Atlas Histórico do Mediterrâneo, de Florian Louis, o Atlas da Primeira Guerra Mundial, de Yves Buffeaut, e uma aposta portuguesa, o Atlas Histórico da Escrita, da autoria do linguista Marco Neves. Também o linguista Fernando Venâncio, meu estremecido autor, me vai dar um novo livro, um mimo estético, que leva por título Os 70 Estilos da Língua Portuguesa.

E agora deixem-me falar de romances. Estava a faltar-me um thriller: aqui está ele, A Casa do Outro Lado do Lago, de Riley Sager, que foi um instantâneo New York Times bestseller. E, coisinhas completamente diferentes, tenho uma bela história de amor e infância, A Vida Mortal e Imortal de Rapariga de Milão, de Domenico Starnone (há rumores que pode ser ele a verdadeira Elena Ferrante), e tenho um ambicioso romance do mais português dos autores brasileiros, o meu amigo Paulo Nogueira, que publica Era Uma Vez Tudo, polifónico puzzle de escrita com dez personagens principais. Mais e muito estranho, coisa do outro mundo, vinda da Coreia, a insólita auto-ficção de Baek Se Hee, Quero Morrer Mas Também Quero Comer Ttokbokki.

Teremos novos livros de José Jorge Letria, em particular as entrevistas de vida e obra, na colecção “o fio da memória”, parceria com a Sociedade de Autores (SPA): reeditaremos mesmo os esgotados Eduardo Lourenço e Urbano Tavares Rodrigues. Ao aplauso à SPA, junto um minuto de sincero aplauso a outros dos nossos dilectos parceiros: devemos à Fundação Amélia de Mello o alto patrocínio à colecção Histórias de Liderança, singular homenagem a empresários e gestores, em colaboração com a Nova School of Business and Economics: é economia e é inteligente; e devemos à Mota Gestão e Participações e à Fundação Manuel António da Mota, a magnífica acção mecenática que permitiu criar a colecção Os Livros Não se Rendem e oferecer quase 6 mil exemplares à rede nacional de bibliotecas públicas. Obrigado, também, aos meus camaradas da Cofina: há novas batalhas à espera.

Tive a sorte de ter autores premiados em 2022, Eugénia de Vasconcellos ganhou a Menção Honrosa no Prémio Ruy Belo com o seu Livro da Perfeita Alegria e Boaventura Cardoso recebeu o Prémio dstangola/Camões pelo romance Margens e Travessias. E prémio em 2023 é ter a sorte de publicar livros sobe a História das navegações portuguesas. Os polémicos, e agora tão abominados Descobrimentos, vão ser redimidos, como a grandiosa aventura humana que lhes deu corpo bem merece, com a bênção da Guerra e Paz : já em Janeiro, Os Descobrimentos e Outros Temas Politicamente Incorrectos, livro corajoso, frontal e fundamentado de João Pedro Marques; depois, na rentrée de Setembro, de João Paulo Oliveira e Costa, A Revolução dos Descobrimentos, com uma visão multifacetada e ecuménica do que foi, definitivamente, uma verdadeira revolução.

Ecos ainda do Império, Manuel S. Fonseca (ou seja, “moi”, eu mesmo), publicarei, em Fevereiro, Crónica de África, viagem em três partes – infância, adolescência, independência – pela minha encantada, melosa, terna e exaltante (digo eu) experiência angolana: tanto me vão poder ver a saltar de ramo para ramo de uma mangueira, como a rastejar debaixo de tiroteio à porta do apartamento de Savimbi, no Terreiro do Pó, no Lobito.

E, no entanto, a verdadeira loucura é esta: do mais importante historiador do fascismo, o italiano Emilio Gentile, vou editar uma monumental História do Fascismo, livro de 1300 páginas, agora publicado em Itália, e de que Guerra e Paz foi a primeira editora a adquirir direitos internacionais. Olhem a minha sorte, pode ser que leve a editora à insolvência, mas será uma morte em glória! With a bang, not a whimper!

Morra o medo. Viva 2023.

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Manuel S. Fonseca, editor

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