Será que Xi Jinping e Putin sabem que o primeiro acordo sino-russo foi influenciado por um jesuíta português?

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Na última edição do semanário Sol, Luís Ferreira Lopes, antigo assessor para a Inovação de Marcelo Rebelo de Sousa, ex-director de economia da SIC e autor de dois livros editados pela Guerra e Paz, sublinhou a importância que Pequim poderá ter no desfecho da Guerra da Ucrânia, conflito que além das perdas humanas e materiais registadas, preocupa as principais economias mundiais, a contas com a maior inflação desde 1992.
 
É sobejamente conhecida a relação de cooperação sino-russa, mas de onde terá partido? Ferreira Lopes esclarece a origem: «Xi e Vladimir talvez não saibam que foi um português, o missionário jesuíta Tomás Pereira (1645-1708), que influenciou a corte de Kangxi a celebrar, em 1689, o tratado de Nerchinsk […] um pacto de não-agressão que dura há séculos.»

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Os ditadores chinês e russo talvez não saibam deste facto, mas na Guerra e Paz já o sabíamos. Tudo graças a uma exaustiva investigação de Tereza Sena, historiadora, membro do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) em Lisboa, que connosco publicou Tomás Pereira e o Imperador Kangxi – Um Diálogo entre a China e o Ocidente no final de 2022. Na obra ficamos a conhecer melhor a singular história de Tomás Pereira, jesuíta português que no século XVII estabeleceu uma inédita relação de proximidade e de diálogo intercultural entre o Ocidente e o Oriente, como conselheiro do Imperador chinês Kangxi.
 
Foram 36 os anos que Tomás Pereira dedicou ao imperador, aconselhando-o não só em decisões pessoais como também políticas. A influência do português foi de tal ordem, que chegou mesmo a representar o Imperador numa intrincada negociação fronteiriça com a Rússia, que o afastou a Cidade Proibida entre 1688 e 1689, mas que resultaram de uma decisão histórica para ambos os impérios. Nascia assim o tratado de Nerchinsk, que ainda hoje se mantém actual. «Pela primeira vez na História da China, e também da Rússia, se aceitaram as delimitações fronteiriças e os princípios da equidade entre dois Estados soberanos que, até então, e cada um deles, se percepcionavam no centro do universo, em torno do qual gravitavam outros Estados a eles sujeitos, vassalos ou tributários.»
 
Não será, portanto descabido dizer-se que a influência de Tomás Pereira poderá ser, 350 anos depois, uma vez mais marcante no quadro da geopolítica mundial.

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Tomás Pereira e o Imperador Kangxi – Um Diálogo entre a China e o Ocidente
Tereza Sena
Não Ficção / Narrativa Histórica
288 páginas · 15×23 · 17,00€
Já disponível na rede livreira nacional
Guerra e Paz, Editores

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