Sombras e Falésias

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Quero agradecer à Embaixada e ao Instituto esta distinção que muito me honra. Deve-se a distinção ao facto de ter publicado em Portugal livros de Mircea Eliade e de Mircea Cartarescu, mas sobretudo à mais recente publicação de um belíssimo livro: SOMBRAS E FALÉSIAS, do poeta Dinu Flamand.

Isso significa que, mais do que eu, merecia esta distinção, o escritor português António Lobo Antunes que foi quem me recomendou vivamente o livro, mostrando-me, com um amor que eu diria paternal, o valor e a nobreza de cada verso de Dinu Flamand.

E merecia a distinção o tradutor da obra, Corneliu Popa, um tradutor reincidente na Guerra e Paz, que fez uma versão sublime dos poemas em português.

Por fim, merecia a distinção toda a equipa da Guerra e Paz que fez do livro uma pequena preciosidade, conferindo-lhe a beleza discreta que os melhores livros devem ter.

Foi a mim, que roubei e juntei esses méritos alheios, que a Senhora Embaixadora e o Senhor Director do Instituto decidiram dar este nobre título de Amicus Romaniae. Recebo-o sem o merecer, aceitando o desafio e prometendo que tudo farei para o merecer no futuro.

O poeta Dinu Flamand, ao centro, ladeado por António Lobo Antunes e Helena Buescu

E, claro, é esta a delicadeza dos versos de Dinu Flamand:

silenciosa desgrenhada – a velhice
desta solidão fumegando
como a lã da ovelha deixada à chuva


mantém quente a alma
húmida ao tocar


e do teu corpo já só cresce
a sombra
estendida ao longo da falésia


sinal de que o teu sol se põe


e da tua alma já só cresce
o medo


o pavor vital

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