Não há editor sem férias. As férias dele e as férias dos leitores. As dele, para recarregar baterias, as dos leitores, para que carradas de livros inundem as praias e cubram, como uma vaga da Nazaré, as areias de Portugal. Não peço, por isso, desculpa por estas férias do blog, este Livro, Labirinto e Livros, até porque chego carregado de novidades que chegam a tempo para animar as férias do leitores que tiram a quarta semana de Julho ou o mês de Agosto.
Estava eu de férias quando estes livros da imagem acima irromperam pelas livrarias nacionais. Ia agora aconselhar-vos este Adeus., assim mesmo, com ponto final colado ao título, e com um majestosos descritivo – 23 separações funestas e outros acidentes naturais – e descubro que Nuno Costa Santos, Isabel Lucas e Pedro Mexia, autores e críticos com créditos firmados, já antes tinham louvado a prosa e o talento narrativo de Luís Rainha, autor da Guerra com este seu segundo livro. Página a página, Adeus. nem é bem um livro, é uma montanha russa de impressões extremas decorrentes de rupturas que passam por prodígios, mortes reveladoras e violências a que o autor não poupa as suas personagens. E minto porque na verdade eu queria dizer, a que as personagens não pouparam o seu autor. Uma grande leitura se quer um Verão escaldante.
O que me estragou as férias foi não ter levado ainda comigo este Petiscos à Portuguesa – da francesinha aos peixinhos da horta – no qual se juntam as receitas dos mais apetitosos petiscos nacionais, dos que são mesmo indispensáveis e genuínos. Há bacalhau, amêijoas, pregos, ovos verdes, salada de pimentos assados, mas também um salazar e um romeu-e-julieta. Este é um livro que quer ser – e só – um repositório de saber popular e de práticas gastronómicas populares. Una delícia para os fins de tarde depois da praia.
E como queremos que se ria, oferecemos-lhe um livro do “primeiro, mais cortesão e engraçado cómico que nasceu dos Pirinéus para cá”, forma tão assertiva como original que Francisco Manuel de Melo escolheu para se referir a Gil Vicente. Nesta nossa primeira edição de um livro de Gil Vicente, decidimos juntar um extraordinário monólogo, o Pranto de Maria Parda, com um dos mais conhecidos autos, o da Barca do Inferno. Preparem-se, com a Maria Parda vamos deambular pelas ruas de Lisboa, de tasca em tasca, de taberna em taberna, à procura do vinho que então escasseava na capital. E com o Auto antecipemos então a hora da nossa morte (salvo seja) e o julgamento das bondades ou maldades com que enchemos a nossa vida: Paraíso ou Inferno, para que lado tombaremos?
Enquanto, tem-te não caias, por cá andamos, o meu conselho é que se leia muito, forma de em vida frequentarmos um pouco o Paraíso.