Bom Ano, caro leitor. 2018 pode vir a ser muita coisa, mas não há nenhuma razão para que não seja um ano de livros. Precisamos da companhia dos livros, do conhecimento que eles encerram, das emoções que eles desvelam aos nossos olhos. Os livros dão sentido à vida, enchem-nos a vida de alegrias.
Os primeiros livros deste ano da Guerra e Paz editores chegaram hoje às livrarias portuguesas. Deixem-me começar pelo extraordinário livro de António Manuel Ribeiro. Todos sabemos quem ele é. Entrou nas nossas vidas a cantar, à frente dos UHF e milhões de jovens portugueses saltaram ao som do Cavalo de Corrida. Mas mesmo a vida de um músico de êxito estrondoso como foi e é o António Manuel Ribeiro, pode estar assombrada por um tormento assustador. António Manuel Ribeiro foi perseguido. Na verdade foi vítima de stalking, no que é o mais impressionante caso português conhecido. Está tudo, contado ao pormenor, numa narrativa que nos deixa esmagados, em “És Meu, Disse-me Ela”. Quem escreve é o próprio António Manuel Ribeiro. Lê-se como se fosse um romance policial intenso.
Outro livro, polémico, mas polémico apenas por atacar de frente o seu tema, é “Porque é Lixo o Rating Social dos Negros”. Escreveu-o, como trabalho académico, Filipe Oliveira Silvestre. Filho de refugiados angolanos em Portugal, fazendo justiça à sua ancestralidade africana, Filipe Oliveira Silvestre ataca com frontalidade as razões da pobreza e da exclusão social das comunidades negras a viver em Portugal. É um trabalho sistemático e que vai muito além da palmadinha nas costas do politicamente correcto, responsabilizando as próprias comunidades negras. Filipe Oliveira Silvestre avisa: “Os negros que lerem este livro vão perceber que dessa pequena “aventura” pelos caminhos tortuosos da ilegalidade e da pobreza resultaram apenas prejuízos étnicos que – muitos deles – deixarão rasto ao longo de pelo menos mais uma geração.”
Amanhã falaremos de “O vermelho e o negro”, de Stendhal.
