A Revolução de Outubro

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Em Outubro, se bem se lembram os mais fiéis seguidores da Guerra e Paz, publicámos este livro, “A Revolução de Outubro, Cronologia, Utopia e Crime”. Correu tão bem que não tínhamos exemplares disponíveis para venda aqui, no site. 

Conseguimos resolver o problema e já temos livros para satisfazer os pedidos que nos têm chegado.

Este é um livro de capa dura, com um grafismo ousado do Ilídio Vasco (mais de cem fotografias) e com uma tese que se apoia nos mais recentes trabalhos dos historiadores contemporâneos e na abertura dos arquivos da União Soviética. O livro começa no enforcamento do irmão de Lenine pelo Czar e acaba na morte do próprio Lenine, quando os bolcheviques tinham já consolidado o poder. 

Este é um livro que pretende visar com alguns mitos heróicos: o mito de que foram os bolcheviques – isto é, os comunistas – que derrubaram o Czar; o mito de que a Revolução de Outubro foi um grande levantamento das massas populares; o mito, enfim, de que Lenine era um santo e que o descalabro sangrento e repressivo do comunismo começou com Estaline.

Para que se perceba o tom, aqui fica um excerto:

Este é um livro que se interroga sobre que revolução foi a Revolução de Outubro e de como um pequeno partido radical, comparável na sua heterodoxia, dimensão e extremismo ao que em Portugal, no 25 de Abril, seria o MRPP, conseguiu tomar o poder pela força. Primeiro apenas uma facção, a facção bolchevique, que se cindiu do Partido Operário Social-Democrático Russo e depois se converteu em Partido Bolchevique, para mais tarde passar a chamar-se Partido Comunista da URSS. Esse partido tomou de assalto o poder numa nação que era um sexto do planeta. Há, hoje, historiadores que comparam esse pequeno partido vencedor a uma seita apocalíptica milenar, pelo seu carácter profético, pelo seu férreo determinismo histórico, pela sua promessa de criação de uma cidade terrena tão perfeita como a Cidade de Deus, tónica flagrante nesta declaração de Iakov Sverdlov, que seria, após a Revolução, o primeiro presidente do Comité Executivo Central do Partido Bolchevique: «O dia verdadeiro está a chegar – com estrondo e tempestuoso, varrendo tudo o que é fraco, débil e velho… A alvorada, que derrama sobre todas as coisas a sua luz fantástica, encantadora e transparente, está próxima…»
Este livro é uma cronologia. Cronologia dos factos políticos ou sociais reveladores do esforço de milhões de russos na construção, durante anos, mas sobretudo durante os meses que vão de Fevereiro a Outubro de 1917, de uma democracia participativa legítima. Acreditaram nela muitos partidos progressistas, nos quais a maioria do proletariado e a maioria dos camponeses se reviam e votavam. Mas esta não é uma cronologia indiferente ou neutra. O autor que a assina junta-lhe interpretação e enquadramento. Arrisca ir buscar ao «lixo da História», para onde Trotski os quis lançar, o pensamento e os esforços dos revolucionários que queriam «toda a democracia». A História deu-lhes razão. Talvez a Revolução tenha sido, afinal, uma contra-revolução, com tudo o que as
contra-revoluções trazem: ditadura, prisão, tortura, fome e morte.

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