Dois filósofos na Guerra e Paz

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Não digo que não valha a pena viver uma vida sem exame, mas examinarmos a vida e examinarmos as categorias que nos permitem pensá-la, ajuda-nos a construir e a viver melhor o presente.

Dois livros recentemente publicados pela Guerra e Paz oferecem-nos uma preciosa ajuda. São dois livros de filosofia, provenientes de escolas de pensamento diferentes.

Um, que eu diria ser talvez um livro mais próximo da esquerda, assinado pelo filósofo francês Michel Serres, com o irónico título Antes é que era bom!, é uma defesa imbatível do presente, mostrando-nos a superioridade material, moral e estética do tempo em que vivemos, ao mesmo tempo que desfaz mitos e anacrónicas ilusões com que podemos nostalgicamente agarrar-nos ao passado.

O outro, que direi ser talvez mais próximo da direita, é da autoria do filósofo inglês Roger Scruton, e chama-se Como ser um conservador, e defende que devemos também colher no passado, ou melhor dito, na tradição, as lições de pensamento, de arte, de relação com a natureza que as comunidades a que pertencemos diligentemente construíram.

O que une estes dois livros é que são ambos anti-reaccionários. E são-no por construírem as suas teses com racionalidade e com tolerância, recusando visões do passado melancólicas e imobilistas, e recusando o medo e o fanatismo como combustível. Dois livros anti-reaccionários, um talvez mais à direita, outro talvez mais à esquerda. É nesta diversidade, sem cepticismos apocalípticos, que a Guerra e Paz também se reconhece.

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