Sonetos Luxuriosos

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Pioneiro no uso do italiano vernáculo e na inclusão de ilustrações de teor sexual, o livro Sonetos Luxuriosos do poeta renascentista Pietro Aretino foi proibido pouco depois da sua primeira publicação, em 1524, e valeu ao seu autor, encarado pela sociedade italiana do século xvi como um poeta licencioso e profanador, um esfaqueamento numa viela de Roma. Cinco séculos depois, Sonetos Luxuriosos é visto, longe da censura clerical, como um dos expoentes máximos da poesia erótica ocidental e revela um domínio maravilhoso da técnica do soneto pelo poeta italiano. É tempo de dar nova vida à tradução do poeta e ensaísta José Paulo Paes – a primeira alguma vez realizada para a língua portuguesa – para que os leitores portugueses possam continuar a usufruir deste grande livro erótico. Sonetos Luxuriosos chega à rede livreira nacional no próximo dia 25 de Julho, numa edição bilingue (italiano/português), integrada na colecção «Livros Negros» da Guerra e Paz, que inclui um texto de apresentação de Manuel S. Fonseca.

 

Estes Sonetos Luxuriosos revelam o espírito, a felicidade, o vigor e a graça do despudor de Pietro Aretino, poeta e dramaturgo renascentista, natural de Arezzo, em Itália, que ficou conhecido no seu tempo como o «flagelo dos príncipes». Escritos «para acompanhar desenhos de Giulio Romano, nos quais o pintor mostrava sedici modi, isto é, dezasseis admiráveis quadros com as diferentes posições em que os amantes consumam o desejo sexual», os poemas deste livro foram dedicados por Aretino, em jeito de desafio, ao seu amigo médico Battista Zatti da Brescia: «diz-me tu se os meus versos capturaram com o devido rigor as posições dos acrobatas.»

Na mesma correspondência, o autor, que combinou ao longo da sua carreira literária um apurado sentido estético com uma busca desaustinada de autêntica humanidade, defende orgulhosamente a linguagem explícita, entusiástica e vigorosa da sua obra: «Que mal é que há em observar um homem montado em cima de uma mulher? Devem os animais ser mais livres do que nós? A mim parece-me que o órgão que nos foi dado pela natureza para perpetuar a espécie deveria ser usado à volta do pescoço como pendente, ou como medalhão no chapéu, porque é fonte que alimenta os rios de humanidade…»

Certo é que a primeira edição da obra, inspirada pelas gravuras de Marcantonio Raimondi, as quais foram feitas a partir dos quadros de Giulio Romano, fez de Aretino um homem perseguido, ameaçado e alvo da censura papal, que chegou mesmo a destruir as ilustrações de Raimondi. Felizmente, estes poemas, expressão do júbilo libidinoso do Renascimento, resistiram e hoje representam uma importante ajuda na composição e fisionomia de uma das épocas mais fecundas da história do pensamento e das artes.

Cinco séculos depois, o livro Sonetos Luxuriosos é recuperado pela Guerra e Paz, numa edição incluída na colecção «Livros Negros», que soma qualidade literária a um pendor de controvérsia ou de escândalo. À tradução de José Paulo Paes, pioneira em língua portuguesa, acrescenta-se ainda a carta que Aretino enviou ao seu amigo Zatti, uma nota biográfica, uma cronologia de obras do autor e o texto «Foi para esta luxúria que nascemos», escrito por Manuel S. Fonseca, no qual o editor faz um apelo aos leitores: «é exactamente essa afrontosa obscenidade que este livro lhe põe na mão. Cuide bem dela.» Sonetos Luxuriosos estará disponível, quer na rede livreira nacional, quer no site da editora, a partir do próximo dia 25 de Julho.

 

 

 

Sonetos Luxuriosos

Pietro Aretino

Ficção / Poesia

108 páginas · 15×20· 14,00€

Nas livrarias a 25 de Julho

 

 

 

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