Os meus livros de Janeiro

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Maria, não me mates que ainda há livros tão bons para publicar, livros tão bons para ler! Sim, 2024 vem com uma cara de Maria camiliana, macabra e impiedosa, como a Maria de Maria! Não Me Mates Que Sou Tua Mãe!, com que Camilo anonimamente se estreou na escrita, e que a minha Guerra e Paz publica, juntando pela primeira vez numa edição autónoma a primeira e a terceira versão do folheto de cordel com que Camilo Castelo Branco imortalizou essa filha que estraçalhou a própria mãe.

George Orwell preferiu estraçalhar Estaline e a monumental e pomposa mentira que era a União Soviética: o livro fazia falta no nosso fundo de clássicos e aqui está! O livro é só um, mas leva, na nossa edição, os dois títulos pelos quais é conhecido: A Quinta dos Animais e O Triunfo dos Porcos.

Eu disse que 2024 chegou com cara de má Maria e as notícias de profusa e explosiva guerra só o confirmam. O que vemos e ouvimos de Israel e de Gaza exige que se leia As Origens do Conflito Israelo-Árabe, de Georges Bensoussan, historiador francês, nascido em Marrocos. O drama da Palestina vem do século XIX e o que é prodigioso é como este livro consegue, com clareza e simplicidade, relatar os passos dessa tragédia. É um dos nossos Os Livros Não se Rendem, que a Fundação Manuel António da Mota e da Mota Gestão e Participações vão pôr em todas as bibliotecas portuguesas.

E agora, para desanuviar de totalitarismos, falemos antes de leões. O meu amigo Carlos Pinto de Abreu organizou um livro sobre a única IPSS ligada a um clube desportivo. O livro chama-se Leões de Portugal – história, exemplo, missão, desafios e futuro. Os Leões de Portugal, a que o meu benfiquismo faz uma vénia, é uma associação de solidariedade e está ligada ao Sporting Clube de Portugal.

Parêntesis para duas singelas preciosidades. O Pedro Ventura, um estudioso apaixonado, traduziu e prefaciou Miséria e Esplendor da Tradução, um dos mais belos ensaios do filósofo espanhol Ortega y Gasset: ficou lindo e está na colecção Livros Brancos. Na nossa colecção nobre de poesia publicamos, da misteriosa Calí Boreaz, tesserato, assim, título todo em minúsculas, que tão bem vão com as imagens, num livro aveludado, que apetece acariciar.

Se eu acredito em contos de fadas? Mal seria. Acredito eu e acredita o Alberto Miranda, autor de De Plebeias a Princesas e Rainhas: Os Contos de Fadas da Actual Realeza Europeia, um livro que conta as histórias, as vicissitudes, humilhações e alegrias das plebeias (e um plebeu) que chegaram a princesas e rainhas. Tem prefácio do Manuel Luís Goucha e estamos a tentar que as «princesas do povo» venham todas ao lançamento.

 

 

Crisântemo, a nova chancela de livros muito práticos oferece Os Outros de Alguém. A autora é a Joana Subtil, especialista em geriatria. Fala do que sabe e ama: como tratar com humanidade e carinhosa emotividade os nossos mais velhos. A mim, com a minha provecta idade, o livro interessou-me e comoveu-me.

 

 

Na outra chancela, a Euforia, dedicada ao romance feminino, temos um New York Times bestsellerNunca Mais Falamos Disto, romance thriller de Andrea Bartz. Duas amigas em viagem tropical partilham o mesmo quarto: está lá, no chão, um charco de sangue e um homem morto. Ai de quem não leia.

São os primeiros nove livros de 2024, um ano que chega em guerra, dor e morte. Façamos nós, lendo, alguma coisa pela paz.

Manuel S. Fonseca, editor
 

 

 

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