Baril, baril são os livros de Abril

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Os livros do 25 de Abril, que publicámos em Março, reclamaram e invadiram Abril com a mesma desempoeirada desfaçatez das chaimites de Salgueiro Maia a espraiarem-se pelo Terreiro do Paço. Estamos derretidos e agradecidos com a recepção dos leitores portugueses aos nossos livros comemorativos dos 50 Anos do 25 de Abril. Já rimos, e chorámos até uma lagriminha, ao ver nos tops o Antes do 25 de Abril Era Proibido, do António Costa Santos e o 25 de Abril: No Princípio Era o Verbo, cantado, gritado e pichado texto organizado por Manuel S. Fonseca, com as alegríssimas ilustrações do Nuno Saraiva. Não nos poupem, leiam, leiam.

Tomámos o gosto a comemorações. Vamos lá. Começamos agora  a comemorar o que a «cultura oficial» esqueceu, os 500 Anos do Nascimento de Camões. É «o maior poeta em português», disse Jorge de Sena, que foi quem mais o amou, leu e devorou. O Camões de Sena não cabe nas hagiografias da Velha Ditadura, como não convém, e até incomoda as ideias de cultura que prevaleceram nos ministérios da Cultura e da Educação. O Camões que Jorge de Sena nos ajuda a descobrir é herético, é universal, é o poeta de um humaníssimo sonho talvez impossível, que teria sido queimado pela Inquisição se lhe descobrissem nas entrelinhas o que Sena dele revela. Serão quatro livros a comemorar os 500 anos. O primeiro, com o apoio da Fundação Gulbenkian, é O Pensamento de Camões Épico e Lírico: Jorge de Sena afirma aqui a profunda erudição de Luís de Camões, a sua vasta informação e cultura, e mostra como o seu pensamento, n’Os Lusíadas como na lírica, faz dele não um poeta do passado, mas um poeta do futuro. Em breve, mais três livros.

Em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores, duas publicações. Em diálogo com  José Jorge Letria, Pedro Abrunhosa conta e conta-se, a começar pelo tocante título que deu a este seu livro,  Gostava Muito de Escrever sobre o Silêncio. Outra co-edição é As Palavras das Canções, de João Carlos Callixtocom as 150 canções que marcaram o imaginário português, um doce cancioneiro. E, com o apoio do Fundo Cultural da SPA, Fio de Lume, junta a poesia tão subtil de José Guardado Moreira com a pintura de José Manuel Castanheira. Poesia também, Soneto, Modo de Usar é uma lição desenvolta, irónica e combativa de um excelente poeta, Eugénio Lisboa.

Ernst Jünger foi um dos oficiais alemães que ocupou Paris e, na mais cruel missão que teve, acompanhou os fuzilamentos de resistentes franceses, em retaliação à morte de um militar alemão. Jünger, comovido pelos testemunhos dos fuzilados, recolheu e guardou as cartas que dão corpo a Sobre os Reféns, obra da colecção Os Livros Não se Rendem, que a Fundação Manuel António da Mota e a Mota, Gestão e Participações oferecem à rede nacional de bibliotecas públicas.

Num delicioso opúsculo, organizado por António Rebelo de Sousa e Jorge Rio Cardoso, evoca-se a figura de um amigo e correspondente português de Thomas Jefferson, pai da democracia americana, e o livro, que teve apoio da FLAD, chama-se Abade Correia da Serra, Cidadão do Mundo. A descobrir.

Agora, que passa um ano da sua morte, publicamos, do inquieto escritor que sempre foi Luís Carmelo, dois romances, E Deus Pegou-me pela Cintura, em nova edição, e Talvez o Ciclone, seu último livro. O lançamento será em Évora, como ele gostaria.

E o que seria de Abril sem um clássico? Pela primeira vez em edição autónoma, publicamos o intrigante e perturbador José Matias, extraordinária ficção de Eça de Queiroz. É a história de uma paixão amorosa exaltada, ardentíssima, devota, sublime, mas que… ora aí está uma bela razão para comprar o livro e fechar esta frase.

E vamos às duas novas chancelas.

Na Crisântemo, um clássico de auto-ajuda, Oito pilares da prosperidade,  de James Allen, faz pendant com Seja o CEO da Sua Carreira, o livro de duas especialistas em recursos humanos, Cristina Pimentão e Joana Santos, que ajudará nas escolhas, tando de quem não sabe ainda por onde vai, como de quem está bem, mas quer estar muito melhor.

 

Na novíssima Euforia, o romance do mês é O Quarto de Hóspedes, de Andrea Bartz. É um romance de ménage à trois? Sim, mas se, estimada leitora ou leitor, num devaneio erótico se deu a pensar que também gostaria de mergulhar nesse quarto, tome cautelas e um caldo de galinha: passam-se ali coisas riscadas a vermelho de perigo. Grande leitura.

 

 

Com Camões, 25 de Abril sempre!

Manuel S. Fonseca, editor

 

 

 

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