Em Janeiro, nove livros e meio, se faz favor

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Pediu-nos, por favor! Foi 2022: veio falar com a Guerra e Paz editores e pediu-nos, por favor, um grão de erotismo que espantasse as sombras da feia pandemia. Por isso, em Janeiro, trazemos aos leitores a mais bela antologia de Poemas Eróticos da Antiguidade Clássica, que Victor Correia, formado pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (ora bem!), subtil e lascivamente organizou. Para que não fosse um acto solitário, juntámos-lhe a obra maior do mais célebre dos presidiários, o Marquês de Sade, a majestosa e carnal História de Juliette ou As Prosperidades do Vício, romance de potente libido que nunca ninguém lerá de um fôlego.

Outro presidiário, outro transgressor: de Oscar Wilde, na colecção Livros Negros, vão poder ler A Intransigente Defesa da Arte: Transcrição de um Julgamento Sórdido. Nunca tinha sido publicado assim em Portugal. Se calhar, no mundo. Ou de como de um pântano de acusações e intrigas surge a mais esplêndida defesa da criação artística. Arte livre contra todos os servilismos.

Dois livros vibrantes, dois manifestos contemporâneos abrem também Janeiro. Um vem de Franças e Araganças e é a Carta à Geração Que Vai Mudar Tudo, de Raphaël Glucksmann, um hino à acção. O outro é de Paulo Nogueira, jornalista do finado e saudoso O Independente: Paulo, que não é de Tarso, escreveu Todos os Lugares São de Fala – Manifesto Pela Liberdade de Expressão, um intempestivo e, por vezes, hilariante Livro Vermelho, que faz braço-de-ferro com a famigerada cultura woke.

Woke ou não, por causa de inóspitas obesidades, O Peso Perfeito para Si, de Alexandre Fernandes, é o nosso livro prático do mês.

Os mortos desafiam-nos a pensar! Ressuscitámos Simone Weil, a mística Simone Weil, publicando um inédito seu em Portugal, o belíssimo A Pessoa e o Sagrado, perturbante interrogação dos direitos do Homem. Do filósofo Roger Scruton, falecido faz agora dois anos, resgatámos, em nova edição, a sua essencial Breve História da Filosofia Moderna. E há os mortos que já ninguém ressuscitará, mas que nos educam para o futuro. Atlas do Holocausto: A Execução dos Judeus da Europa, 1939‑1945, de Georges Bensoussan, é um guia insubstituível e rigoroso do Holocausto, essa devastação nazi da II Guerra Mundial.

É assim Janeiro, várias gotas lúbricas, a turbulência de manifestos, a exaltação do grande pensamento. E íamos para o décimo livro, distendidos, puxar de um charro, mas alto lá que fica para Fevereiro, deixando Janeiro com nove livros e meio, se faz favor.

 

O editor

Manuel S. Fonseca

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